Uma espada. Uma espada é
só o que peço que me ponham na mão. Não preciso de mais nada para cumprir a
minha intenção. Mas eu, que estou preso, o que poderei fazer com ela por entre
as grades da cela? Posso ameaçar o carcereiro que me mantém prisioneiro. Posso passar-lhe
o fio no pescoço e só parar quando a carne secar de sangue até ao osso. Tiro-lhe
a chave que abrirá a porta e me dará asas de ave. Se somos inocentes de
verdade, matar quem nos prende não é maldade é direito à liberdade. Mas e se
quem nos prende obrigar a mão de um carcereiro inocente? Não é tão criminoso o
que nos aprisiona como aquele que o consente? O que sei é que sou eu que estou
do lado de dentro das grades, privado de todas as vontades. Todas, menos a de
viver. Dêem-me uma espada para a mão e serei capaz de a merecer.
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