sexta-feira, 7 de novembro de 2014

ilustração #1

POSTERS
(ilustração digital , Photoshop)                                 (lápis e acrílico sobre papel com gesso)


Para comissões e perguntas, é só enviar mensagem através da página de contacto.

 imagens: Manuel Alves


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

em cada gesto

 imagem: Manuel Alves

Há pequenos gestos que nos levam o coração do peito para a mão, e nos fazem dizer “pega, leva-me em devoção cega e deixa-me ser emoção”.
O resto é vida, cada instante nunca bastante, cada desejo de vitória massacrado em batalha perdida. Não interessa a desilusão de todas as horas más, as lágrimas secam em tudo de bom que cada gesto traz.
É amor de viver e enfrentar o terror de perder. O futuro é caçador que nos abate se deixarmos de correr. Nem tudo tem de fazer sentido, muito menos as palavras que trocamos. Há que salvar silêncios e deixar um tesouro escondido naquele pensamento que calamos.
Um sorriso. Quando o mundo assusta, esse é o nosso aviso. Mostramos os dentes, mas com intenções diferentes. Não somos selvagens nem comboios desenfreados que ignoram os que esperam em todas as paragens. Somos vontades de rir, solitárias metades a querer-se unir.
E damos as mãos, breves toques de dedos que nos seguram contra a força do medo. Somos as lágrimas do dia de ontem que nos magoou muito cedo. Mas o tempo passou, a dor secou, fez-se tarde, e a ferida já não arde.
O que sentimos pelas pessoas é a vontade de coisas boas. As más vontades não são sentir, mas tristeza de existir. A recusa do toque humano é descrença na divindade maior, acto profano. Temos, em nós, os deuses da criação em eterna revolução. Só precisamos de dar voz às musas, mães de cada pensamento, acto e intenção. Nada de recusas que intimidem a resolução.
Lindo gesto, o teu. Este é o meu: “pega, leva-me em devoção cega e deixa-me ser emoção”.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A Cativa - excerto

BREVEMENTE
 imagem: Manuel Alves
A Cativa
WULFRIC
livro 1

Olá. O livro está mesmo quase, quase... certo, está bem, acabará por ser publicado a tempo de ser incluído na lista de prendas do Natal. Assim, aqui fica a sinopse e o primeiro capítulo.

SINOPSE:
"Selvagem, druida, assassino, rei… Wulfric teve muitas vidas. É o Mestre mais antigo, dono de um antiquário contíguo a uma igreja, um ponto de convergência entre mundos, o que faz dele também porteiro. Uma rebelião ameaça abrir uma passagem entre a Terra e o Inferno, e ele provavelmente terá de assassinar o responsável. Lúcifer. Teria sido mais simples matar a Cativa, duzentos anos atrás."

(capítulo 1) 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

coisas respondidas a coisas perguntadas...

Olá. A Nádia entrevistou-me para o blogue O Nosso Mundo Sobrenatural, e aqui fica um pedacinho da entrevista.

1º Manuel podes falar um pouco de ti, o que fazes, o que gostas e detestas.

Olá. Resumindo, posso dizer que nasci e tenho-me aguentado. Apesar das várias tentativas de assassinato da parte do Universo. Já escapei a uma asfixia (idiotices de crianças), a afogamento (duas vezes… aprendi a nadar um bocado tarde… mas não demasiado, felizmente), a um acidente de viação (capotar é divertido, mas não recomendo que se faça de propósito), e vou fazendo fintas às rasteiras da vida em geral. De resto, isto de estar vivo, e poder aproveitar um bocadinho as sortes que nos calham, é fixola.
qualquer tristeza apresentada a sorrir.
O que faço? Bem… sou ilustrador, quando tenho trabalho, e sou escritor, quando não tenho. Mas é costume uma coisa meter-se no caminho da outra. Ciúmes, e isso. Quando a ilustração e a escrita chegam a um acordo, felicidade e harmonia. Gosto de tangerinas descascadas ao fim da tarde, sentado numa cadeira aquecida pelo sol, a apreciar a lentidão da vida durante o Verão. Detesto que o Verão esteja a tornar-se uma criatura mitológica com avistamentos raros. E nabo, naturalmente. Detesto nabo.

A entrevista completa aqui.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

se querer fosse poder...

 imagem: Manuel Alves

Quando nascemos do lado errado da vida nunca achamos que cada um só tem a sorte merecida. Ninguém merece nascer apenas para morrer. Teria de haver muita culpa nessas almas, uma infinidade de actos grotescos em milhões de vidas anteriores para justificar o horror dos horrores. Um nado-morto, o sentido da vida com significado torto. Só todas as culpas do Universo têm razão para terminar uma esperança no início. Uma criança, nascida sem actos, nem mácula na memória, nem maldade no seu breve instante da História, sem parte na matança, nem a vergonha do vício. Uma criança, apenas e só. Excluída da sorte, sem dó.
Se é essa a sorte que cada um merece, as atrocidades convertem monstros em santos e tudo significa o contrário, pois a existência caiu no conto do vigário. A humanidade é uma palavra que morre e não deixa saudade. O sonho, por mais que combata tiranos, déspotas, fascistas e todas as falhas de carácter previstas, nunca alcançará a liberdade. A vontade de realizar o desejável será impossibilidade intolerável. Porque a sorte não é só a que merecemos. Umas vezes, procrastinamos e, contra toda a sanidade, alcançamos. Temos. Outras vezes, trabalhamos e, cumpridas as responsabilidades, falhamos. Perdemos.
A sorte é uma mentira cruel que mantém o azar fiel. A esperança diz-nos que não foi hoje, mas será amanhã. Melhor sorte virá. E continuamos a nossa afã, à espera do oxalá. A adivinhação do povo, das bocas de bruxos e adivinhos que sabem tudo de uma vida, antes da célula se multiplicar em ovo, mesmo os detalhes mais comezinhos. Mas eles não sabem nada, na sua sabedoria inventada. Pode lá saber-se o futuro antes de ele vir. É colher a flor e dizer que é fruto maduro, em essência, mentir. E quem for novo na vida, e não tiver experiência, acreditará em qualquer tristeza apresentada a sorrir.
Dizer que a sorte tem a medida certa é disparar projéctil que não acerta. A sorte é a convergência das circunstâncias, sem significado profundo. Não há ciência. É apenas o acaso do mundo. Nascer na riqueza não é nenhuma forma de grandeza. Quem não tem pão desaparecerá no mesmo chão.
A grande felicidade da vida é aproveitar a sorte merecida, não pensar em quem tem mais do que merece, e partilhar o possível com aqueles a quem a sorte esquece.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

dentro de mim

 imagem: Manuel Alves

Dentro de mim, há um vazio que me consome dias a fio. E depois passa, quando me lembro que a duração da vida é escassa. Mas o vazio regressa outro dia qualquer. Parece que não há nada que o impeça de me roubar tudo o que quiser. Porque o vazio sou eu, a memória de tudo o que se perdeu. E também o medo daquilo que nunca será, a negação de todos os sonhos que o futuro não realizará.
Mas esse buraco, por mais profundo, não é garganta capaz de engolir o mundo. O mundo é uma ideia maior, a soma de tudo possível. Um dia, encontra-se amor e o buraco fica invisível. Pode até continuar lá, mas deixa de ser aquela coisa má. É uma dor que se tolera em vez do sofrimento que desespera. Porque o afecto é essa imensidão que só cabe no coração. Nenhum buraco tem fundura suficiente para engolir tudo aquilo que a gente sente.
E nós sentimos universos infinitos, existências inteiras imortalizadas em todos os livros escritos. Somos pessoas. Experiências más e boas. Somos pedaços do milagre incompreensível que permanece mistério indizível. Somos descendentes de alguma estrela perdida, que se extinguiu para lhe herdarmos a vida. Um desperdício na escuridão do espaço, que nunca será sacrifício vão enquanto houver um abraço.
Talvez seja isso que nos salva. O dar a mão. O ter coração. Acreditar na alma.
Comecei a falar de mim e agora falo de nós. O buraco tapa-se assim, preenche-se o vazio com a voz. O som de tudo o que somos e a firmeza do que fazemos. A recordação de tudo o que fomos e a incerteza do que seremos.
Os buracos são aquilo que perdemos e também aquilo que temos. São como nós, que começamos pequenos e depois crescemos. A nossa sorte é sermos sempre maiores, mesmo em comparação com os buracos piores. Somos o universo inteiro comprimido numa partícula de matéria impossivelmente densa. Cada um de nós é mais resistente do que pensa.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

bem-me-quer

 imagem: Manuel Alves

Pode uma flor adivinhar o amor? A razão diz que não, mas o coração comanda a mão e continuamos a arrancar pétalas para o chão.
E a flor chora as lágrimas que tem, adivinhe o mal ou o bem. O seu destino é morrer, e o nosso é não querer saber. Se me disserem que uma flor não pode chorar, direi que acredito nas fantasias que quiser. Se há quem acredite que as flores podem adivinhar, eu acredito que podem sofrer.
És a pessoa da minha vida. Não és. És a salvação da minha vontade perdida. És apenas mais uma pétala caída aos pés. Brincadeira de criança às voltas com a esperança. A vontade nunca é saber. Na verdade, é apenas querer. Não jogamos a probabilidade da última pétala arrancada para sabermos se somos pessoa amada. Pensamos que a sorte deve-nos a igualdade de sermos encontrados pela pessoa encontrada. Queremos quem escolhemos, e arrancamos uma flor do chão para lhe perguntarmos a decisão.
Sim? Não? Sim. Oh, diz que sim. Não. Oh, não digas que não.
Tudo o que a flor diz é lamento triste, apertada na mão que não desiste. Tudo o que a flor pode fazer, é ficar sem pétalas até morrer.
E nós ficamos sem resposta, porque o futuro é sempre uma aposta. Se queremos saber, temos de arriscar. Vivemos na direcção do querer e, se a indecisão é medo de sofrer, podemos sempre parar, descansar e respirar. A cabeça fica mais leve e percebemos que a vida é mesmo, mesmo… mesmo breve. Torna-se mais claro o valor do momento, o aqui e agora. Faz-se reparo em tudo o que for sentimento e percebemos o sacrifício vão daquele pedacinho de flora.
A pétala que fica para o fim não diz o que outro coração sente por mim. Diz apenas que podemos matar uma flor em nome de um talvez amor.
Mas flores há em número infindável. Uma é perda aceitável. Já o amor é sempre um. Aquele e mais nenhum. Pelo menos, até ao que vem a seguir. Aquele que vive nas pétalas de uma flor, que precisamos de arrancar para descobrir.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Eu, Wulfric

BREVEMENTE
 imagem: Manuel Alves
WULFRIC
As Cativas de Mefistófeles

Esta história tem anjos, demónios, fadas, lobisomens, marinheiros russos, traições, pedras preciosas que são mais do que jóias, um crucifixo que sangra, pelo menos uma sociedade secreta, Lúcifer, Mefistófeles, um marquês que foi para o Inferno e se transformou num demónio nu e, é claro, Wulfric, o Mestre que vive com uma maldição aprisionada no sangue.

“O mundo dos humanos é uma ilusão apenas perceptível por aqueles que se movem nas margens da realidade. Conheço muitas realidades, todas construídas de enganos que competem para se tornarem a ilusão prevalecente.”

Wulfric, O Livro Secreto das Ilusões

terça-feira, 6 de maio de 2014

o perdão das coisas

 imagem: Manuel Alves

Se de repete tudo fosse perdoado, nunca teria acontecido nada errado. O mundo seria felicidade e o passado apenas saudade, saber acumulado. Mas as coisas não se perdoam assim. Eu tenho maldade para ti e tu para mim. Não é ressentimento inimigo, é apenas equilíbrio justo de tudo o que é sentido.
Ninguém é imune ao fel. Mas quem sabe que não é a isso que tudo se resume reserva paladar para o mel. Reconhece o prodígio do sorriso, mesmo que o fim do mundo chegue amanhã sem aviso. É a humanidade em nós. Se não perdoarmos às vezes, ficaremos sempre sós. Na prisão do peito, vida sem jeito.
No fundo, não vale a pena odiar. O mundo é história contada em outra cena, é amar. Há maldades que fazem duvidar da bondade que temos. Verdades que fazem chorar pela insanidade que vemos. Somos tudo isso e mais. Umas vezes, muito humanos. Outras vezes, animais.
Temos fome de tudo e devoramos o infinito. Comemos a própria fome e acreditamos que é bonito. Mas também somos capazes de encontrar o equilíbrio no meio. Mesmo vorazes, partilhamos o pão de mão em mão, porque sabemos que negar alimento é feio.
Somos a totalidade das coisas belas, feias e intermediárias. Somos a Humanidade, com todas as suas sequelas, o sangue nas veias a pulsar de possibilidades imaginárias. Cada um de nós, pessoa pequena, é sonho de conseguir o impossível. Cada um é a sua própria voz, protagonista na principal cena, e é medonho não ouvir nem ser audível.
Todos choramos de alguma solidão na cama. Todos amamos alguma ilusão que não nos ama. O choro vem e não está lá ninguém. E o desaforo também. Quem pensam que sou? Quem? O mundo não acabou. O futuro é além.
E perdoamos a quem nos perdoaria porque é a forma mais elevada de sabedoria. Porque amamos essas pessoas, que para uns são más e para outros são boas. Como nós, que queremos o perdão porque a culpa é o castigo mais atroz que agride o coração.

terça-feira, 22 de abril de 2014

porta aberta para longe

 imagem: Manuel Alves

Se o vazio no peito fosse coisa viva seria artista sem jeito nem habilidade criativa. Uma porta para longe de tudo, hábito de monge mudo. Agulhas a coser a alma, a doer, a torturar, a negar a morte calma. Lágrimas evaporadas do rosto, os olhos a reflectir a tristeza do sol-posto.
Assim, o fim do dia a dizer que, para mim, o ponto mais distante do mundo é a alegria. Os sonhos a falarem comigo, a recordarem-me coisas boas que não tenho por castigo. E tudo sem saber a razão da punição.
É a lição da vida. Mesmo a boa acção é punida.
Mas não sentir também pode ser justiça clemente quando o nosso coração é o único que sente. Uma pena que, sentimentos à parte, a vida perde a sua arte.
Quando o coração perde em vez de ser eleito a vida torna-se uma nação errada. A ironia do vazio no peito é não ter lugar para nada.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

as meninas da noite

 imagem: Manuel Alves

As meninas que trabalham à noite são crianças endiabradas sem medo do açoite. A tentação do coração. Talvez da razão. O que for de maior valor.
Trabalhar nas horas do escuro não é sempre o que parece. Pode ser trabalhar no duro ou fazer apenas o que apetece. O dia tem as horas todas para usar e, às vezes, em vez de gastar algumas a dormir, as meninas têm de insistir, esconder o bocejar no sorrir e continuar.
Sei os enganos do pensamento. Preconceitos de jumento. As meninas só trabalham à noite porque não lhes chega as horas do dia. Tanto podem servir uma sopa quente como trazer ao mundo uma cria. Milhares de ofícios, nenhum deles relacionado com a escuridão dos vícios.
Às vezes, fazem outras pessoas sorrir. Meninos que também trabalham sob as estrelas. Coisas que acontecem sem pedir, surpresas inventadas por elas.
O simples olá tem o poder de inventar mundos de riso. E, não importa onde se está, rir é sempre preciso.
E depois dá-se lugar ao beijo que liberta as pessoas para os destinos. Afastam-se no fim do riso, o até à próxima no desejo de meninas e meninos.

quinta-feira, 27 de março de 2014

rói-me o coração

 imagem: Manuel Alves

Rói. Afunda os dentes no peito e come-me a carne a eito. Dói mas não há outro jeito.
Sei que há mas não quero saber. Continua e faz de conta que não é ferida para doer. Diz-me que é por mim que fazes o sacrifício de magoar o coração. Diz-me que esta dor terá fim, que esquecerei o início e que tudo o resto morrerá na recordação.
Faz-me esse buraco nos sentidos e arranca de mim todos os nossos dias perdidos. Se fui mais do que um corpo, diz-me que o coração é só tecido que, depois de rasgado, volta a ser cosido. Uma pequena mentira piedosa para a alma desgostosa.
O buraco fecha sozinho. Não te preocupes com a vida que sai. O tempo cicatriza a perda do carinho e a ferida é folha seca que cai.
Depois desapareces da memória e o meu coração inventa outra história. Outras personagens. Outras paragens. Outro amor. Outra dor.
Grita acção! e rói-me o coração.
Corta e muda de cena. Vale a pena.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

novo romance - Terra Fria

Olá.
Já saiu o meu novo romance “Terra Fria”. Brevemente disponível nos distribuidores habituais. O livro estará a preço reduzido de lançamento até ao fim do mês (28 de Fevereiro de 2014). Aproveitem.


imagen: Manuel Alves

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

revisão #1

Olá.
A primeira página, ainda em modo de revisão, do meu próximo romance de Fantasia. O lançamento está previsto para daqui a cerca de um mês e será o primeiro livro de uma série. A capa será revelada em breve.


imagen: Manuel Alves

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Lili em desenhos

Olá.
A capa e ilustrações interiores do meu conto mais recente "Lili - O Natal no Fundo da Caixa".












imagens: Manuel Alves
Disponível aqui:

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

balanço 2013

Olá.
Feitas as contas, em 2013, os leitores elegeram a Apple como distribuidora preferida para adquirirem os meus livros. O maior número de downloads registou-se no Brasil, num total que ultrapassou os 21 mil livros. Um grande contributo para este número terá sido o facto de a Apple Brasil ter escolhido dois contos meus “Equador Morto” e “Lili” para livros da semana.
Em baixo, encontram-se as capas dos meus livros publicados até ao momento. Um clique em cada imagem abrirá a página do respectivo livro na Apple Brasil (porque é, até ao momento, o maior universo dos meus leitores).

Um abraço para os meus leitores em todo o mundo (para não haver ciúmes).


imagens: Manuel Alves