segunda-feira, 18 de março de 2013

um momento

Hoje, morro. Porque sim. Porque acontece a todos e não apenas a mim. Porque ninguém quer saber. Porque todos estão ocupados com o seu próprio viver. Porque todos morrem. Todos. Os que param, os que andam e os que correm. Todos morrem.
Amanhã, não sei. Estarei morto, um barco encalhado no porto. Não viverei. Estarei esquecido, perdido, ressequido. Não estarei.
Ontem, vivi. Não de verdade. Não na realidade. Não aqui. Vivi na tenra idade, na distância da infância, na saudade de tudo o que esqueci.
É o tempo, essa condição que não aguento. É o tempo. O tempo de fazer coisas. O tempo de não as fazer. O tempo das coisas que são más. O tempo das coisas que são boas. É o tempo. O tempo passa num instante em que nada importa e tudo é importante. E um instante nunca é bastante, porque um instante não é muito tempo. Um instante é só um momento.

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