Hoje, morro. Porque sim.
Porque acontece a todos e não apenas a mim. Porque ninguém quer saber. Porque todos
estão ocupados com o seu próprio viver. Porque todos morrem. Todos. Os que
param, os que andam e os que correm. Todos morrem.
Amanhã, não sei. Estarei
morto, um barco encalhado no porto. Não viverei. Estarei esquecido, perdido,
ressequido. Não estarei.
Ontem, vivi. Não de
verdade. Não na realidade. Não aqui. Vivi na tenra idade, na distância da
infância, na saudade de tudo o que esqueci.
É o tempo, essa
condição que não aguento. É o tempo. O tempo de fazer coisas. O tempo de não as
fazer. O tempo das coisas que são más. O tempo das coisas que são boas. É o
tempo. O tempo passa num instante em que nada importa e tudo é importante. E um
instante nunca é bastante, porque um instante não é muito tempo. Um instante é
só um momento.
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