sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

beijo na boca

ilustra: Manuel Alves


Beijo na boca é coisa pouca para uma vontade louca. Beijo na boca não é só bom, é necessidade de tocar com as pontas dos dedos, sem medos, com música a sair do peito, numa corrida de sonhar o que ainda não foi feito, ao som do coração.
Não é de ter vontade? Não é de querer dar?
É uma resposta que merece sempre a verdade. E a resposta deve ser sem palavras, apenas e só, beijar.
Mas só um beijo? Isso não chega para o desejo. Dois? Só se houver um terceiro depois. Um beijo só nunca mata a fome. Um beijo só deixa-nos na vontade. E isso é uma maldade. Assim… é a vontade que nos come.
Beijo na boca é terra e mar que se querem encontrar. É céu e terra sempre afastados, mas que se tocam onde o horizonte encerra, nessa linha distante, onde o olhar se fecha, e o celestial e o mundano se encontram nesse abraço onde tudo se deixa.
Deixassem as pessoas assim tanto. Fossem assim tão necessitadas de coisas que sabem bem. Necessitadas até são, mas afastam-se todas, cada uma para o seu canto, mesmo necessitadas como ninguém.
Para quê ser assim? É pergunta que cada um responde como sabe. Não é resposta que alguma vez se acabe. É uma viagem sem fim.
Mas… e beijo na boca quando se quer? Isso existe? Não será apenas uma teimosia em que se insiste? Não será o delírio de outra realidade qualquer?
Oh, beijo na boca a partilhar calor! A dar vontades que preenchem todas as realidades. A fazer promessas de tudo e o que mais for, para além de quaisquer mentiras e verdades.
Beijo na boca é dar e receber. É querer. Beijo na boca é pedir e aceitar. É beijar.

2 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Confessa que te inspiraste na música do Herman José "Dá cá um beijinho"...

Manuel Alves disse...

Rafeiro, acredito que o teu faro musical possa ser um portento mas, desta vez, deixou escapar a lebre. Há que considerar outro grande trovador da língua portuguesa:

http://www.youtube.com/watch?v=niVmc8E4mnU

(hah!)