ilustra: Manuel Alves
Beijo na boca é coisa
pouca para uma vontade louca. Beijo na boca não é só bom, é necessidade de
tocar com as pontas dos dedos, sem medos, com música a sair do peito, numa
corrida de sonhar o que ainda não foi feito, ao som do coração.
Não é de ter vontade?
Não é de querer dar?
É uma resposta que
merece sempre a verdade. E a resposta deve ser sem palavras, apenas e só,
beijar.
Mas só um beijo? Isso
não chega para o desejo. Dois? Só se houver um terceiro depois. Um beijo só
nunca mata a fome. Um beijo só deixa-nos na vontade. E isso é uma maldade.
Assim… é a vontade que nos come.
Beijo na boca é terra e
mar que se querem encontrar. É céu e terra sempre afastados, mas que se tocam
onde o horizonte encerra, nessa linha distante, onde o olhar se fecha, e o
celestial e o mundano se encontram nesse abraço onde tudo se deixa.
Deixassem as pessoas
assim tanto. Fossem assim tão necessitadas de coisas que sabem bem.
Necessitadas até são, mas afastam-se todas, cada uma para o seu canto, mesmo
necessitadas como ninguém.
Para quê ser assim? É
pergunta que cada um responde como sabe. Não é resposta que alguma vez se
acabe. É uma viagem sem fim.
Mas… e beijo na boca
quando se quer? Isso existe? Não será apenas uma teimosia em que se insiste?
Não será o delírio de outra realidade qualquer?
Oh, beijo na boca a
partilhar calor! A dar vontades que preenchem todas as realidades. A fazer
promessas de tudo e o que mais for, para além de quaisquer mentiras e verdades.
Beijo na boca é dar e
receber. É querer. Beijo na boca é pedir e aceitar. É beijar.
2 comentários:
Confessa que te inspiraste na música do Herman José "Dá cá um beijinho"...
Rafeiro, acredito que o teu faro musical possa ser um portento mas, desta vez, deixou escapar a lebre. Há que considerar outro grande trovador da língua portuguesa:
http://www.youtube.com/watch?v=niVmc8E4mnU
(hah!)
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