Se o vazio no peito fosse coisa viva seria artista
sem jeito nem habilidade criativa. Uma porta para longe de tudo, hábito de
monge mudo. Agulhas a coser a alma, a doer, a torturar, a negar a morte calma. Lágrimas
evaporadas do rosto, os olhos a reflectir a tristeza do sol-posto.
Assim, o fim do dia a dizer que, para mim, o ponto
mais distante do mundo é a alegria. Os sonhos a falarem comigo, a recordarem-me
coisas boas que não tenho por castigo. E tudo sem saber a razão da punição.
É a lição da vida. Mesmo a boa acção é punida.
Mas não sentir também pode ser justiça clemente
quando o nosso coração é o único que sente. Uma pena
que, sentimentos à parte, a vida perde a sua arte.
Quando o coração perde em vez de ser eleito a vida
torna-se uma nação errada. A ironia do vazio no peito é não ter lugar para
nada.
2 comentários:
Como sempre palavras bonitas cheias de simbolismo e sentimento :)
Meio triste mas sincera verdade..
Beijinhos
Olá, Carla. :)
Há portas que devemos abrir e outras que é melhor deixarmos fechadas. A lotaria da vida. ;)
Enviar um comentário