À porta da vida, um gato
abandonado encontrou uma criança entretida. Era um menino que tocava flauta, de
ouvido, sem pauta. O menino descalço era flautista que, sem ser artista, não
soprava uma nota em falso. E o gato sentado, a escutar; quando tivesse aquele
som memorizado afinaria os bigodes para miar.
O menino flautista via
o gato mas imaginava ilusões da vista. À sua frente, imaginava uma fera
selvagem capaz de aterrorizar toda a gente à sua passagem. Ouvira dizer que a
música amansava qualquer fera e transformava a explosão do espírito selvagem
numa paciência de espera.
O gato abandonado
encontrou um amigo à porta da vida e deixou de ser fera enraivecida. Não foi a
música que o amansou, foi a atenção do menino descalço que a tocou.
(a partir de uma imagem de Vladimir Zotov)
(a partir de uma imagem de Vladimir Zotov)
2 comentários:
Muito bonito ^_^
Olá, Carla.
O texto fala de uma criança e um gato. Não há como errar. :D
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